A S O P A Malba Tahan
Quando o criado, humilde e delicado, procurava despejar a primeira colherada de sopa no prato de sua Majestade, uma gota, arredondada e gordurosa, soltando-se inesperadamente da rica e trabalhada concha, foi cair manchar levemente os punhos de seda do soberano.
Vermelho, colérico, ergue-se o Rei Olderico, dando murros formi-dáveis na mesa: Inferno! Com mil bombas,! Este cão não saber servir uma sopa.
E gritando pelo comandante da guarda ordenou com torva catadura: Enforquem imediatamente este desastra1
O rapaz, que ficava no meio da sala, pálido, imóvel, ao ouvir aquela sentença de morte por uma falta insignificante e ridícula, não se conteve e atirou com a sopeira na cara do Rei.
Essa agressão brutal na pessoa sagrada do Rei causou indescritível espanto. Fidalgos, nobres e cavalheiros, correram em auxílio do soberano, que dava passos cambaleantes, apertando as mãos á fronte ferida, enquanto o autor daquele crime de lesa-majestade era preso e algemado, como si fora um bandido sanguinário e perigoso.
-Queiro ouvir este homem ! bradou o bradou o Rei, enquanto uma dama da corte limpava-lhe o rosto e as barbas com uma toalha perfumada.
O criado criminoso foi trazido de rojo à presença do Rei . interpelou-o o monarca: Homem ! Porque fizeste isso?
-Eu queria morrer com a consciência tranqüila, Senhor - respondeu o infeliz - se eu fosse enforcado pele primeira falta praticada, Vossa Majestade havia de ser tido, pelo resto da vida, como um Rei cruel e injusto. Diriam todos: O Rei Olderico é um malvado. Mandou matar um pobre criado por uma gota de sopa. Agora não. Depois que eu atirei a sopeira em Vossa Majestade, ninguém mais poderá acusar o meu soberano de injusto e perverso. Pelo contrário é justa a minha condenação é justa dado o crime insultuoso que pratiquei.
Reconheceu o Rei que o jovem tinha razão, e resolveu perdoa-lo. E desse dia em diante não mais castigava os culpados senão de acordo com as faltas praticadas.
E, ainda hoje, no glorioso país do Rei Olderico, quando um juiz julga sem critério, proferindo sentenças iníquas e descabidas, usando do excessivo rigor para com os pobres e fracos, dizem logo?
- Este juiz está precisando que lhe atirem uma sopeira à cara.
Transcrito dum folheto recebido
terça-feira, 11 de maio de 2010
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Adorei a mensagem e o seu blog!!
ResponderExcluirParabéns...
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